quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Família e infância

Grávida de sete meses e ainda trabalhando na feira do Ver-o-Peso, Almira da Silva chamou a atenção de um casal de franceses que passeava nesse conhecido ponto turístico de Belém. A mulher sugeriu para que o futuro filho de Almira fosse chamado de Jhonny Yguison.
- Eles falaram que era um filho deles que gostavam muito e que morreu num acidente.
E assim, no dia 08 fevereiro de 1989, no hospital São Marcos, na cidade de Belém, Estado do Pará, nasceu Jhonny Yguison Miranda da Silva. Antes dele, seus pais já tinham, cada um, dois filhos de outros relacionamentos conjugais. Juntos tiveram mais uma filha em 1994, chamada Nayara Nazaré Miranda da Silva.
O pai, Francisco Assis da Silva é carioca, morando nesta cidade, trabalhando de forma temporária em várias atividades.
Almira da Silva, a mãe, nasceu no município paraense de São Sebastião da Boa Vista, chegou nesta capital em 1980 e logo começou a trabalhar como feirante na feira do Ver-o-Peso. Foi neste espaço livre que Almira conheceu Francisco e com quem começou a se relacionar em 1988, porém, só passaram a morar juntos a partir de junho de 2001.
- Lembramos dessa data porque foi nesse ano que caíram aquelas Torres lá em Nova York.
Da primeira fase de sua infância, Jhonny faz questão de lembrar: - Naquele tempo era só alegria. Eu tomava banho de igarapé, corria, jogava bola. Eu gostava de andar e onde tivesse aventura eu ía.
- Eu tinha um amigão mesmo, o nome dele era Wanderson, mas eu chamava para ele de “Tereco”. Nós brincávamos muito, mas também brigávamos por qualquer motivo.
O sentimento é mútuo. Tereco, agora com 17 anos, não esquece desse momento.
- Eu lembro que a gente brincava sempre na rua, próxima de nossas casas. A gente era pobre e não tinha dinheiro nem pra comprar pipa, por isso a gente empinava uma sacola de plástico. Mas eu me saparei de Jhonny quando ele tinha oito anos, nunca mais ouvi falar dele, só quando soube do tiro que ele levou, pela televisão.
Nesta fase, Jhonny alternava momentos de maturidade com os de travessuras típicas de uma criança. Na relação que mantinha com a irmã, cinco anos mais nova, essa dubiedade de comportamento se destacava. Na ausência da mãe, inclusive durante a noite, cuidava de Nayara, mas a abandonava a própria sorte para jogar bilhar – sua principal diversão - em bares da vizinhança.
A partir dos 11 anos, significativas transformações aconteceram em sua vida. Foi somente com essa idade que começou a estudar.
- Eu não tinha certidão de nascimento e por isso as escolas não aceitavam me matricular e eu sintia vergonha.
Esse momento também foi o marco inicial em que Jhonny começou a ter o prematuro contato com o trabalho, passando a integrar uma indesejável estatística entranhada em nossa sociedade: o alto índice de trabalho infantil.
Resumo

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