terça-feira, 23 de setembro de 2014

Acusado de balear flanelinha enfrenta júri nesta quinta, 25

O adolescente atingido pelas costas ficou paraplégico

                                                    
O ex-policial Darlan Carlos Silva Barros será submetido a júri nesta quinta-feira, 25, no Fórum de Belém (Cidade Velha). Ele é acusado de ter baleado Jhonny Higson Miranda da Silva, que ganhava a vida limpando para-brisas de carros em semáforo de Belém. O crime ocorreu em novembro de 2001.
A sessão de julgamento está prevista para iniciar às 8h, sob a presidência da juíza Ângela Alice Alves Tuma, da 3ª Vara do Tribunal do Júri de Belém.  Na acusação vai atuar o promotor de justiça Franklin Lobato, em conjunto com o advogado Walmir Moura Brelaz, assistente de acusação. O ex-militar será defendido por defensor público.
Estão previstos quatro depoimentos de testemunhas de acusação, entre elas a vítima e mais duas testemunhas que assistiram à cena do crime. A defesa do réu arrolou cinco testemunhas, entre elas trabalhadores da construção que estavam fazendo reforma na casa do acusado.
O caso: Darlan Carlos Silva Barros teria disparado arma de fogo contra  Jhonny Yguison, à época com 12 anos, quando este limpava o para-brisas do carro do réu em um semáforo. A vítima, ao ver a arma tentou correr, sendo atingido pelas costas. O acusado negou a autoria do crime e alegou que  não estava dirigindo o carro, mas, um possível comprador do carro de nome Goiano. Ele alegou que Goiano teria saído com o carro para um teste deixando como garantia um valor em dinheiro. O disparo de arama de fogo ocorreu no dia 20 de novembro de 2001 num sinal de trânsito de Belém, deixando a vítima paraplégica.

Fonte: Coordenadoria de Imprensa
Texto: Glória Lima
23/09/2014 11:31

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Julgamento do policial que atirou em Jhonny será dia 25 de setembro

JULGAMENTO DO POLICIAL MILITAR DARLAN SILVA BARROS POR TENTAR MATAR, EM NOVEMBRO DE 2001, JHONNY YGUISON, QUE TRABALHAVA COMO FLANELINHA NAS RUAS DE BELÉM.

No dia 25 de setembro de 2014, na 3ª Vara do Tribunal do Juri de Belém, será realizado o julgamento do policial militar DARLAN SILVA BARROS, que no dia 20 de novembro de 2001, sem qualquer motivo, disparou um tiro no então flanelinha JHONNY IGUISON MIRANDA DA SILVA, de 12 anos de idade, deixando-o paraplégico e sofrendo até hoje com as sequelas desse crime, tanto que no dia 25 de agosto deste ano encontrava-se internado no Hospital Ophir Loyola para tratamento de seu único rim.
 
Jonny Iguison era um “flanelinha”, uma criança de apenas 12 anos desperdiçando sua infância como trabalhador de rua, ao lado das milhares de crianças que trabalham no Estado do Pará.

Jhonny esperava ansiosamente o sinal fechar, um sinal Vermelho. E ele veio. E com ele um policial militar insano.

Aquela criança não poderia imaginar que estava diante de seu último sinal vermelho. Um momento em que, mesmo contra a vontade, guarda com detalhes em sua memória.

– Fui até a um carro vermelho no qual estavam dois homens e perguntei ao motorista se poderia limpar o pára-brisa.
– “Não, não precisa, eu não tenho dinheiro” – me respondeu.

– Tudo bem tio, não se preocupe, eu limpo assim mesmo e outro dia o senhor me paga.
– E nesse instante o “passageiro” do carro, um policial militar, disse: - “Ei moleque, queres ganhar um presente de natal?”

– Se o senhor quiser me dar eu aceito.
– Então, ele puxou um revólver e disse: “já viste uma dessa?” “Queres ganhar um presente?” E eu já desconfiado respondi: não tio, obrigado.

– E ele bateu o tambor, eu tava de frente mesmo, quando eu virei pra tentar escapar, ele deu ... Eu ouvi o barulho, gritei, senti o cheiro da pólvora e parecia que as minhas pernas voaram. Acho que nesse momento “ela” atingiu a medula.

– E aí eu caí. Começou a me dar falta de ar, as pessoas batiam na minha cara para eu não dormir. Tinha um bocado de gente, eu via as pessoas, mas pareciam de longe. Eu só pensava na minha mãe.

Jhonny caiu agonizando no asfalto quente enquanto o criminoso fugia do local, avançando o sinal que ainda estava vermelho.
A bala lhe causou um enorme estrago. Entrou por um de seus braços, atravessando seu corpo, lhe tirando um rim, o baço e um pedaço do fígado, sendo-lhe diagnosticada a paraplegia, ou seja, a incapacidade de movimentar os membros inferiores.

Portanto, de um dia para o outro, com apenas 12 anos de idade, Jhonny ficou paraplégico. E todo esforço para imaginarmos o que isso representa, será sempre insuficiente diante da dor imensa que somente ele pode sentir.
- Eu me tornei uma pessoa revoltada. Fiquei um ano sem sair de casa. Durante a noite, no silêncio, tudo parecia um pesadelo. Eu Pensava: por que eu não fui logo daqui? Ficar sofrendo assim. Eu tentei me matar com uma faca, mas a minha mãe veio por trás e segurou. Eu achava que não valia a pena viver.

Após nove anos de sua tragédia pessoal, o sofrimento parece não ter fim. Ainda hoje Jhonny sente dores que parecem eternizadas. Do Estado recebe uma pensão no valor de pouco menos que dois salários mínimos. Em 2008, no processo judicial que ingressou contra o Poder Público, firmou-se um acordo de duzentos mil reais, que foram pagos em 2011. E toda assistência médica necessária lhe deveria ser fornecida.
Jhonny está com pedras no seu único rim, correndo risco de perdê-lo e com ele sua vida. E o policial que o mutilou continua em liberdade, agraciado por uma repugnante impunidade.

Jhonny Yguison permanece entrevado. Sobrevivendo com a dor e os fantasmas que o assombram há treze anos, na companhia apenas de sua família.

Esse crime não pode ficar impune, o policial que feriu Jhonny precisa ser condenado, para nos fazer acreditar na Justiça, mínima que seja.