JULGAMENTO DO
POLICIAL MILITAR DARLAN SILVA BARROS POR TENTAR MATAR, EM NOVEMBRO DE 2001,
JHONNY YGUISON, QUE TRABALHAVA COMO FLANELINHA NAS RUAS DE BELÉM.
– Fui até a um carro vermelho no qual estavam dois homens e perguntei ao motorista se poderia limpar o pára-brisa.
– Tudo bem tio, não se preocupe, eu limpo assim mesmo e outro dia o senhor me paga.
– Se o senhor quiser me dar eu aceito.
– E aí eu caí. Começou a me dar falta de ar, as pessoas batiam na minha cara para eu não dormir. Tinha um bocado de gente, eu via as pessoas, mas pareciam de longe. Eu só pensava na minha mãe.
Jhonny caiu agonizando no asfalto quente enquanto o criminoso fugia do local, avançando o sinal que ainda estava vermelho.
Portanto, de um dia para o outro, com apenas 12 anos de idade, Jhonny ficou paraplégico. E todo esforço para imaginarmos o que isso representa, será sempre insuficiente diante da dor imensa que somente ele pode sentir.
Após nove anos de sua tragédia pessoal, o sofrimento parece não ter fim. Ainda hoje Jhonny sente dores que parecem eternizadas. Do Estado recebe uma pensão no valor de pouco menos que dois salários mínimos. Em 2008, no processo judicial que ingressou contra o Poder Público, firmou-se um acordo de duzentos mil reais, que foram pagos em 2011. E toda assistência médica necessária lhe deveria ser fornecida.
Esse crime não pode ficar impune, o policial que feriu Jhonny precisa ser condenado, para nos fazer acreditar na Justiça, mínima que seja.
No dia 25 de setembro de 2014, na 3ª Vara do Tribunal do Juri de Belém,
será realizado o julgamento do policial militar DARLAN
SILVA BARROS, que no dia 20 de novembro de 2001, sem qualquer motivo, disparou
um tiro no então flanelinha JHONNY
IGUISON MIRANDA DA SILVA, de 12 anos de idade, deixando-o paraplégico e
sofrendo até hoje com as sequelas desse crime, tanto que no dia 25 de agosto deste
ano encontrava-se internado no Hospital Ophir Loyola para tratamento de seu
único rim.
Jonny Iguison era um “flanelinha”, uma criança de
apenas 12 anos desperdiçando sua infância como trabalhador de rua, ao lado das
milhares de crianças que trabalham no Estado do Pará.
Jhonny esperava ansiosamente o sinal fechar, um sinal Vermelho. E ele veio. E
com ele um policial militar insano.
Aquela criança não poderia imaginar que
estava diante de seu último sinal vermelho. Um momento em que, mesmo contra a
vontade, guarda com detalhes em sua memória.
– Fui até a um carro vermelho no qual estavam dois homens e perguntei ao motorista se poderia limpar o pára-brisa.
– “Não, não precisa, eu não tenho
dinheiro” – me respondeu.
– Tudo bem tio, não se preocupe, eu limpo assim mesmo e outro dia o senhor me paga.
– E nesse instante o “passageiro” do
carro, um policial militar, disse: - “Ei moleque, queres ganhar um presente de
natal?”
– Se o senhor quiser me dar eu aceito.
– Então, ele puxou um revólver e disse:
“já viste uma dessa?” “Queres ganhar um presente?” E eu já desconfiado
respondi: não tio, obrigado.
– E ele bateu o tambor, eu tava de frente mesmo, quando eu virei pra tentar escapar, ele deu ... Eu ouvi o barulho, gritei, senti o cheiro da pólvora e parecia que as minhas pernas voaram. Acho que nesse momento “ela” atingiu a medula.
– E ele bateu o tambor, eu tava de frente mesmo, quando eu virei pra tentar escapar, ele deu ... Eu ouvi o barulho, gritei, senti o cheiro da pólvora e parecia que as minhas pernas voaram. Acho que nesse momento “ela” atingiu a medula.
– E aí eu caí. Começou a me dar falta de ar, as pessoas batiam na minha cara para eu não dormir. Tinha um bocado de gente, eu via as pessoas, mas pareciam de longe. Eu só pensava na minha mãe.
Jhonny caiu agonizando no asfalto quente enquanto o criminoso fugia do local, avançando o sinal que ainda estava vermelho.
A bala lhe causou um enorme estrago. Entrou por um de seus braços, atravessando
seu corpo, lhe tirando um rim, o baço e um pedaço do fígado, sendo-lhe
diagnosticada a paraplegia, ou seja, a incapacidade de movimentar os membros
inferiores.
Portanto, de um dia para o outro, com apenas 12 anos de idade, Jhonny ficou paraplégico. E todo esforço para imaginarmos o que isso representa, será sempre insuficiente diante da dor imensa que somente ele pode sentir.
- Eu me tornei uma pessoa revoltada. Fiquei um ano sem sair de casa. Durante a
noite, no silêncio, tudo parecia um pesadelo. Eu Pensava: por que eu não fui
logo daqui? Ficar sofrendo assim. Eu tentei me matar com uma faca, mas a minha
mãe veio por trás e segurou. Eu achava que não valia a pena viver.
Após nove anos de sua tragédia pessoal, o sofrimento parece não ter fim. Ainda hoje Jhonny sente dores que parecem eternizadas. Do Estado recebe uma pensão no valor de pouco menos que dois salários mínimos. Em 2008, no processo judicial que ingressou contra o Poder Público, firmou-se um acordo de duzentos mil reais, que foram pagos em 2011. E toda assistência médica necessária lhe deveria ser fornecida.
Jhonny está com pedras no seu único rim, correndo risco de perdê-lo e com ele
sua vida. E o policial que o mutilou continua em liberdade, agraciado por uma
repugnante impunidade.
Jhonny Yguison permanece entrevado. Sobrevivendo com a dor e os fantasmas que o assombram há treze anos, na companhia apenas de sua família.
Jhonny Yguison permanece entrevado. Sobrevivendo com a dor e os fantasmas que o assombram há treze anos, na companhia apenas de sua família.
Esse crime não pode ficar impune, o policial que feriu Jhonny precisa ser condenado, para nos fazer acreditar na Justiça, mínima que seja.
Um comentário:
Ta ai um uma pessoa que merece ter liberdade mas um safado tiro isso delle'
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